quinta-feira, 19 de agosto de 2010

sonhagem


Sonhei que estava na beira de um penhasco e tive vontade de pular. No sonho, meu desejo era tão verdadeiro que me atrevi a realizar tal vontade. Pulei e comecei a cair, cair, cair. No meio da trajetória me dei conta da merda que tinha feito. E agora? Vou morrer! Pensava em pânico. Nesse desespero inenarrável percebi que estava sonhando. Sonho?
-Isso, meu bem! É um sonho, não precisa se preocupar, você pode acordar quando quiser!
Falou-me a voz da minha aparecida consciência sonhante. Relaxei e não lembro o que aconteceu em seguida. Acordei e segui meu rumo.

Tempos depois, conheci Ismália em um momento de descontração boêmia entre amigas de trabalho e coração, quando uma delas, Pati (com esse nome não podia esperar menos), após ouvir meu relato quase junguiano do sonho, recitou, em voz leve, a poesia Ismália.
A noite experimenta e coloca todos os poetas de pensamentos e ideais longe de sua cotidianidade e perto da inquietude humana. Podemos flutuar em paz e reduzir culpas e culpados de todo dia. Pulamos, curtimos, caímos, sofremos e acordamos quando quisermos, pois a vida se não é sonho, tem todas as suas melhores características. Umas poucas cervejas depois da labuta, não há quem pague!



Ismália

Alphonsus de Guimaraens


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

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