sexta-feira, 26 de junho de 2009

ao meu velho casal

Se eu pudesse atravessar o tempo e parar onde meu pensamento pensa...
Ainda não posso me transportar.
Bem faz o arrependimento em não matar. Seria eu e mais uma legião de defuntos prematuros.
Nada paga um dia feliz, nem dois, nem mais. Minha solidão anunciada tira dores e conclusões que vidas com mais sorrisos equivalem a dias melhores.
Enquanto a dança valsa nos sonhos românticos, fortaleço meus olhos ao amor. Esse vale todas as canções da vida. Parabenizo o amor! Que seja eterno enquanto cumprir seu destino.
Marjorie e Therence, fico devendo a mim um dia que não vou poder desculpar, e recuperar.
Até as bodas...

vozes alheias

" A mulher gosta que lhe digam palavras de amor: o ponto G está nos ouvidos. Inútil procurá-lo em outros lugares." (Isabel Allende).

"Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando." (Pablo Neruda)

"Mas o que quer dizer este poema? - perguntou-me alarmada a boa senhora.
E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo..." (Mario Quintana)

"Estou na caridade da evolução do meu ser. Quero ser menina, encontro-me mulher... Quero ser mulher, vejo-me menina..." ( Ferreira Gullar)

"Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar.... "( Florbela Espanca)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Confissão

Confesso que quando era criança queria ser veterinária e professora. Imaginava um mundo onde tudo se parecia com o querer. Adorava ensinar o que eu sabia e cuidar dos fragéis animais que me cercavam.
Confesso que quando cresci mais um pouco fiz vestibular para Direito, e por uma lógica que fui entender anos depois, não passei. Minha mãe ficou triste, mas segui meu caminho.
Confesso que quando meu pai morreu me senti vulnerável. Chorei, implorei pela sua volta. Descobri que as pessoas nascem perdoadas, pois nascem amando, e quem ama é amado, logo sempre serão perdoadas.
Confesso que me formei em Comunição Social, mesmo achando que falava pouco. Pensava que podia superar a estranheza. Continuei falando pouco e descobri a arte das poucas palavras.
Confesso que quando meu filho nasceu, senti a humanidade em mim. A humanidade me pertencia. Deixei de ser filha e me tornei mãe. Um amor pra toda a vida me pertence.
Confesso que quando cheguei em São Paulo senti medo. Solitária, constrangida. A sensação foi perdida com as conquistas do dia a dia, que fizeram da minha nova cidade um belo lugar.
Confesso que detesto machucar as pessoas, mas as vezes machuco, sem querer. Quem com ferro fere, com ferro será ferido, mesmo sem querer.
Confesso que quando me tornei mulher, percebi meu corpo modificado. A silhueta de dez anos atrás foi embora com o tempo. Mesmo assim o espelho tornou-se um amigo cavalheiro, e me apresentou a auto-estima que antes não havia cruzado meu caminho.
Confesso que Outro Lugar surgiu como refúgio dos meus pensamentos com algumas experiências experimentadas e testemunhos de conhecidos e desconhecidos. Meu mundo coube um pouco aqui.
Confesso que passaria a noite confessando. Mas tem certas coisas que ainda não confesso nem a mim mesma.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

conversa

Jornalista Pietra Oliveira entrevista o Psicólogo Patricio Lima.
Jornalista: Amor a primeira vista existe?
Psicólogo: Não. Ele simplesmente acontece, se existe ou não é um assunto pra outra discussão.
Jornalista: Como assim? Vamos discutir!
Psicólogo: Ok. O amor a primeira vista aparece primeiro, sendo que as vezes não. Antes de mais nada envolve as partes cabidas. Vale dizer que ocorre numa situação recíproca, caso contrário digo que é platônice adolescêntica.
Jornalista: Mas como saber se é recíproco, ou platônico?
Psicólogo: Díficil não me parece. Meus estudos científicos aliados aos depoimentos de alguns muitos pacientes me disseram que basta o olhar. É igual ao orgasmo, você só sabe quando sente. Se você duvida é porque não rolou.
Jornalista: Para pessoas que nunca tiveram orgasmo posso dizer que saberão do amor a primeira vista e do orgasmo com a mesma complexidade ?
Psicólogo: Claro, fique tranquila em relação a isso, no fundo é a mesma coisa. Minha filha, não tem nada demais. Apesar do orgasmo ser mais fácil do que o amor a primeira vista, posso dizer com clarividência que os dois tem quase o mesmo sabor.
Jornalista: Então podemos quebrar o mito que o amor a primeira vista só acontece uma vez na vida?
Psicólogo: Não tenha dúvida. Pode acontecer várias vezes. Posso dizer que o orgasmo é mais fácil sentir mais vezes, pois pode ser com qualquer pessoa a qualquer hora, a qualquer momento, e até sozinho. Já o amor, esse é raro, não se concretiza com qualquer um, mas pode aparecer mais de uma vez. Acontece com o mesmo glamour do orgasmo, até revira a cabeça da pessoa.
Jornalista: Você já se apaixoonou dessa forma?
Psicólogo: Graças a Deus não. Vivo ardorosamente uma vida harmoniosa, consigo conciliar meus sentimentos conforme meus amores e minhas paixões. Mas amor e paixão não estão em dicussão, são completamente diferentes. O amor quer graça, a paixão um pouco de loucura. O romântico está no meio destes dois. O amor a primeira vista não é nenhum e nem outro, é atípico. Eu graças a Deus, em minha sã consciência não vivi isso. Posso confessar meu certo receio, apesar de saber tratá-lo a outros muito bem.
Jornalista: Tem algum remédio pra não sofrer tanto desse súbito amor?
Pisicólogo: Pela minha experiência como tal, receito a vida, poesia e canção. Muitas vezes quando não tem jeito, vale viver pra ver. Tá tudo certo, enquanto houver felicidade.
Jornalista: E o que acontece com as vítimas dessa paixão insana?
Psicólogo: Eles amam demais. Creio que o remédio pra eles seja viver a paixão e o amor dentro de si. Não culpar a nada e a ninguém. Viver ainda é o melhor remédio pra quem ainda não morreu.

obs. sei que "amor a primeira vista" possui acento craseado no a, mas não encontrei o acento no teclado, ass. patricia lio.

noites de inverno

Esperou a cidade adormecer para despertar a retórica dos sonhos.
A moça da noite encontrou a lua no vão nada estrelado. Se sentia bela. Bela da noite.
Nos sonhos despertos coube andar nas lembranças azuis.
Percebeu que não poderia decidir esquecer alguém. A vida não lhe trouxera opcões: olvidar, no olvidar.
Com os lábios molhados de vinho, sentiu um beijo morno. Despiu-se com o ar frio na pele. Se o sofrimento era inevitável, porque evitaria o prazer ?
Naturalmente calçou o mais alto salto. Plues sensuel que la nuit. Misturou branco e tinto. O amor contorceu seu ventre nú.
O segredo de la noche se calou.
A bela moça perdeu a vontade de amá-lo.
A noite na cidade fria revelou a autenticidade de esquecer.
A vontade se deixa passar. Uno, dos, tres, cuatro...

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