sábado, 28 de novembro de 2009

estranho amor

O fim me causa arrepios. Vê-lo como um estranho é mais cruel que não vê-lo.
Não sei mais quem és, quem sou, viramos outros que não somos, viramos uma página, uma vida em comum.
É o final do amor? Se fosse estaria vazia, a dor não me preencheria, a saudade do nosso tempo passaria, passaria, o momento seria momento.
Acabou, e há muito que lamentar, chorar o fim pelo tempo que parecer ideal.
Estranho amor, te odeio, te amo, te esqueço, te ignoro, te lembro...
A partir daqui somos nossa independência proclamada, somos sorrisos que almejamos provocar no futuro, o pranto que tentamos esconder, e as lembranças que cabem apenas a nós dois.
Agora pertencemos a cada um de nós.
Pra sempre amor de sempre.
Espero que a vida me dê outra chance de encontrar um amor que odeie futebol e me ame com a inspiração feroz de um respeitoso tarado. Continuo como um fantoche dos meus desejos.
O meu pior sentimento por você será a indiferença. Enquanto te amar e odiar sem dúvidas, te ofereço meus melhores sentimentos.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

eros e psique









    Conta a lenda que dormia
    Uma Princesa encantada
    A quem só despertaria
    Um Infante, que viria
    De além do muro da estrada.

    Ele tinha que, tentado,
    Vencer o mal e o bem,
    Antes que, já libertado,
    Deixasse o caminho errado
    Por o que à Princesa vem.

    A Princesa Adormecida,
    Se espera, dormindo espera,
    Sonha em morte a sua vida,
    E orna-lhe a fronte esquecida,
    Verde, uma grinalda de hera.

    Longe o Infante, esforçado,
    Sem saber que intuito tem,
    Rompe o caminho fadado,
    Ele dela é ignorado,
    Ela para ele é ninguém.

    Mas cada um cumpre o Destino
    Ela dormindo encantada,
    Ele buscando-a sem tino
    Pelo processo divino
    Que faz existir a estrada.

    E, se bem que seja obscuro
    Tudo pela estrada fora,
    E falso, ele vem seguro,
    E vencendo estrada e muro,
    Chega onde em sono ela mora,

    E, inda tonto do que houvera,
    À cabeça, em maresia,
    Ergue a mão, e encontra hera,
    E vê que ele mesmo era
    A Princesa que dormia.

    Fernando Pessoa

outubro distante

Em outubro calei as palavras, momento de perguntas e respostas. Retomo o blog com minha recente indagação:
A felicidade plena precisa de uma terna tristeza?

um presente a mais

Um dia parei pra pensar no presente, não consegui. O presente esquivou-se como um repente, pareceu contínuo e partiu. Consultei um breve momento e o tempo assim se aproximou em nível absoluto. Calei-me para tentar persuadi-lo mas o relógio inquietado de sempre pontuou seu tom em segundos. A irritação tomou-me a conta e disparou contra minha busca temporária. O tempo pareceu passado, saudoso, ilusório e futuro. Nem por isso parei de me sentir em casa, as lembranças e os sonhos continuaram a vida instante.
O presente sempre no caminho. Sou presente, impossível percebê-lo. Um presente a mais.

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