sábado, 22 de maio de 2010

feriado pessoal

FERIADO PESSOAL (por: Patricia Lio).

Quando for possível olhar o dia sem maiores compromissos, um dia comum, normal, será um feriado.

Quando um gato amarelo cruzar o telhado vizinho, e o gato voltar preto no mesmo telhado, pode ser que já seja feriado, afinal nem todo o dia a despretensão alcança tal observação.

Quando encontrares um amigo sem idéias concretas, fácil de adoçar seu momento, terás um feriado.

Quer dizer que você acha que acontecimentos assim não tem importância? Você acha mesmo que quando uma janela se fecha e você não vê quem fechou, é simplesmente um acontecimento qualquer? Você acredita que ver um homem subir no telhado é normal, qualquer um poder ver isso a qualquer hora? Pois pra mim é feriado, hoje. Feriado Pessoal. Não importam quantas pessoas se propuseram a trabalhar, quantas outras não, e tantas a correr o dia quase inteiro. O acaso nos elegeu este dia. Será decretado para nós o Feriado. 19 de maio. Dia intranacional do encontro casual de dois amigos a procura do inalcançável dia.

19/05/2010.

FERIADO PESSOAL (por: Bruno Genú).

Nem Bertolucci nem muito menos uma linda cidadezinha do interior da Itália, eram apenas de dois amigos que, como as pessoas mais comuns que existem, não sabiam o que queriam da vida, pelo menos até aquele dia..., na verdade era tarde... bairro da Liberdade, centro de São Paulo, dezenove de maio de dois mil e dez, numa sacada de prédio, alimentados apenas por algumas cervejas e alguns cigarros, algumas coxinhas e um filme no DVD que ninguém teve a iniciativa de apertar o play.

Ele desempregado, mas com umas duas semanas de crédito antes de entrar em desespero; ela como free lancer há meses (sensação de desemprego constante), mas com maior facilidade para lidar com o assunto. Daí, diziam que queriam viajar se não fosse isso ou aquilo, que queriam abrir um negócio para que pudessem mudar de vida – planos oriundos de uma mesma fonte que por uma questão de minutos são completamente antagônicos, mas ilustram bem a falta de perspectiva futura que aquela cidade cinzenta e momentaneamente fria lhes empurrara goela abaixo, ou por estarem esgotados de tanto tentar justificar o que faziam ali...não, não na sacada, não, não em São Paulo nem na quarta-feira que era, mas ali, exatamente naquele momento das suas vidas.

Especula-se que deveriam estar dentro de um escritório de design fechando arquivos para gráficas ou brigando por telefone com a empresa que não entregou os equipamentos no dia marcado para o início das filmagens de um novo comercial de motos esportivas. Diz-se também que era para estarem numa sala de cursinho, no meio de uma aula de direito tributário, posto que a Receita Federal abriria em breve, vagas para auditor fiscal. Pra eles, deveriam estar na sacada. Era feriado. Nem Dia do Trabalho, nem Aparecida... Pessoal.

19/05/2010.

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