quinta-feira, 21 de maio de 2009

caju, pra te lembrar

O caju, fruto do cajuzeiro, pseudo fruto. Eu, Lima Maria, sou a mistura de uma graciosa figura com uma fruta de pouca graça. Também como o caju, sou constituida de uma falsa fruta e uma castanha gostosa, comestível após duráveis horas calorosas.
Ainda não me dei conta desta história direito. Na verdade nunca pensei sobre ela. Deixei minha biógrafa discorrer bem a seu respeito. Ela me viu ardente de calor num dia de verão, socorreu meus pensamentos e me deixou fluir sem me preocupar.
Estava com a garganta derramada em sede no shopping Tatuapé, quando minhas pernas começaram a andarilhar a praça de alimentação. O almoço foi decidido antes da bebida ser escolhida. Tantas coisas a selecionar no self-service que a secura na boca foi rapidamente esquivada. O prato na balança seguiu a pergunta programada e suave da atendente: " Você quer beber alguma coisa?". Minha resposta foi pergunta. " O que vocês tem de suco?". Ela respondeu entre poucas opções, suco de caju. Suco de caju? Se não for artificial eu quero agora, e bem gelado, falei. Pois bem, fui atendida. Aquele líquido amarelo claro, refletia no copo de plástico transparente. Quando dirigi-me a mesa parecia que todos percebiam o brilho que minha bandeja resplandecia. Ai, o suco de caju, ai o caju, bela fruta do Nordeste, que também aparece no Norte do país.
Lembro aos leitores que quem escreve não sou eu. Se fosse por mim falaria do prazer de tomar o suco de caju, de pouco costume, naquele dia ensolarado de infernal calor. Mas a biógrafa preferiu ditar sensações infantis que me vagaram a mente.
Então, quando todavia era uma menina de pouquissima idade andava pelo interior, do estado do Pará, para apanhar caju com meus dois irmãos, minha mãe e pai. Este pai comandava a expedição. Todos felizes e dispostos com uma comprida vara na mão para cutucar a fruta. Algumas frutas, e as mais deliciosas, davam pra pegar com as mãos, na altura precoce das crianças pulantes embaixo do cajueiro. Outras, quase no alto celeste, só com a ponta da vara mesmo, onde precisava de um hábil aparador que não permitisse deixar o caju se espatifar no chão da terrra úmida. Por pouco, nós crianças, não subiamos no cajueiro, para pegar as frutas frescas, onde somente a vara e os passarinhos tinham acesso. A mãe perspicaz e medrosa, conseguia convencer o pai a deferir o decreto em voz alta e delicada, proibia qualquer membro da equipe de se aventurar nos altos galhos das árvores...
Essa história não acaba assim, mas a biógrafa decidiu contar o resto depois.
Não sei o porquê. Pensando melhor... talvez seja porque eu tenha também o Oliveira no nome e a história mereça um livro.

Um comentário:

  1. Garota cajuína. Um texto com gosto de caju, muito gostoso. Amiga, produza mais palavras.

    Bjs

    Andrea

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