terça-feira, 9 de junho de 2009

Confissão

Confesso que quando era criança queria ser veterinária e professora. Imaginava um mundo onde tudo se parecia com o querer. Adorava ensinar o que eu sabia e cuidar dos fragéis animais que me cercavam.
Confesso que quando cresci mais um pouco fiz vestibular para Direito, e por uma lógica que fui entender anos depois, não passei. Minha mãe ficou triste, mas segui meu caminho.
Confesso que quando meu pai morreu me senti vulnerável. Chorei, implorei pela sua volta. Descobri que as pessoas nascem perdoadas, pois nascem amando, e quem ama é amado, logo sempre serão perdoadas.
Confesso que me formei em Comunição Social, mesmo achando que falava pouco. Pensava que podia superar a estranheza. Continuei falando pouco e descobri a arte das poucas palavras.
Confesso que quando meu filho nasceu, senti a humanidade em mim. A humanidade me pertencia. Deixei de ser filha e me tornei mãe. Um amor pra toda a vida me pertence.
Confesso que quando cheguei em São Paulo senti medo. Solitária, constrangida. A sensação foi perdida com as conquistas do dia a dia, que fizeram da minha nova cidade um belo lugar.
Confesso que detesto machucar as pessoas, mas as vezes machuco, sem querer. Quem com ferro fere, com ferro será ferido, mesmo sem querer.
Confesso que quando me tornei mulher, percebi meu corpo modificado. A silhueta de dez anos atrás foi embora com o tempo. Mesmo assim o espelho tornou-se um amigo cavalheiro, e me apresentou a auto-estima que antes não havia cruzado meu caminho.
Confesso que Outro Lugar surgiu como refúgio dos meus pensamentos com algumas experiências experimentadas e testemunhos de conhecidos e desconhecidos. Meu mundo coube um pouco aqui.
Confesso que passaria a noite confessando. Mas tem certas coisas que ainda não confesso nem a mim mesma.

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